Será possível alterar a cultura e o posicionamento da empresa através da arquitetura?

Publicado em: 06/11/2015

Esta semana estive na Unisinos palestrando sobre a influência do espaço físico no clima e cultura das empresas*. Citamos “cases” como o Google, que adotou um conceito de sucesso para os espaços físicos, pois está perfeitamente adequado à sua cultura. Ou seja, ao mesmo tempo que a cultura Google afirma que: “Não precisa usar terno para ser sério“, os espaços físicos oferecem ambientes informais e lúdicos. Isso faz todo o sentido, é totalmente coerente e por isso funciona e agrada os colaboradores.

Agora será que é possível inverter a ordem? Quero dizer, ao invés de a cultura de uma empresa ditar os seus espaços físicos, será que é possível impulsionar uma mudança na raiz da organização através dos ambientes?

Hoje mesmo li uma notícia sobre a nova loja do McDonald´s de Rotterdam: “McDonald´s repensa a arquitetura de suas lojas”, publicado no site ThingZ (link no final do texto**). Em meio a um espaço aberto foi projetada a edificação com fachadas de vidro. Essa transparência, aliada à composição de tons terrosos e iluminação confortável, propõe a ideia de um local aconchegante e natural.
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Me chamou a atenção pois, recentemente, estivemos no aeroporto de Frankfurt, Terminal 2, onde foi inaugurado, em março deste ano, um novo restaurante do McDonald´s. Semelhante ao exemplo anterior, o local não tem a cara da cultura fast food. O ambiente é composto por elementos em madeira, muita vegetação, cores em tons de marrom e bege, painéis com imagens da natureza, enfim, tinha mais cara de restaurante orgânico do que de lanchonete. Nos sentimos bem ali e, exceto pela logomarca do lado de fora, nada mais nos lembrava o clima tradicional da rede.
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Se sabemos que o McDonald´s anda passado por uma crise no mercado alemão (em 2013 diminuíram 5% das vendas e em 2014 a queda foi de 4%***), entendemos que essa nova arquitetura pode ser uma estratégia para reverter essa situação. Cada vez mais pessoas estão buscando a qualidade de vida em diversas esferas, inclusive na alimentação. Agora será que, adotar uma arquitetura mais “saudável”, pode auxiliar na mudança de cultura e posicionamento de uma empresa? 

Nesta experiência que tive no McDonald´s de Frankfurt percebo uma incoerência entre a empresa e a arquitetura. Na minha opinião, espaços barulhentos, logo com fundo vermelho e sanduíches gordurosos ainda são a minha referência. Talvez daqui algum tempo, se de fato a marca adotar essa nova postura e passar a oferecer produtos mais saudáveis, posso concluir de forma diferente.

Qual a opinião de vocês?

* Palestra ministrada em 03/11/2015: “O Espaço Físico como Benefício Humano: A influência dos Ambientes no Clima das Organizações”.
** Link da reportagem sobre a nova sede do McDonald´s em Rotterdam: http://thingz.com.br/mcdonalds-repensa-a-arquitetura-de-suas-lojas/
*** Fonte dos dados: http://www.stern.de/wirtschaft/news/mcdonald-s–diese-strategie-soll-die-fast-food-kette-retten-5935830.html

Fonte da Imagem Destaque: http://www.bild.de/geld/wirtschaft/mcdonalds/erfindet-sich-neu-40374548.bild.html
Fonte das Imagens: http://www.fnp.de/bilderstrecken/Grosse-Promi-Parade-bei-McDonalds-Wiedereroeffnung-am-Flughafen;cme55212,975020

Priscilla Bencke

Arquiteta, pós-graduada em Arquitetura de Interiores, se especializou em Projetos para Ambientes de Trabalho na escola alemã Mensch&Büro Akademie.

Única profissional no Brasil com a certificação “Quality Office Consultant”.

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